Texto lido por Carlos Prado em reunião do Rotary Club Americana-Integração
Artigo do EGD Alberto Bittencourt
RC Recife Boa Viagem – D4500
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Na vida de cada um a liberdade representa a autonomia, a independência de ir e vir, o poder de si sobre si mesmo. A Prova Quádrupla Rotária é um conjunto de princípios e valores que regem a convivência entre pessoas livres. Como um código de ética, ela visa regular a vida em sociedade, com o objetivo maior de preservar a dignidade do outro e a própria dignidade de quem a aplica. O fato do ser humano ser dotado de autonomia, não significa que seja soberano. Não podemos nem devemos agir puramente por instinto ou emoção. Devemos, antes, agir por reflexão, juízo, decisão e avaliação.
A Prova Quádrupla tem o formato de quatro quesitos para serem aplicados sempre no momento presente. São quatro perguntas, quatro testes, quatro questões, destinadas a nos capacitar para melhor refletir, julgar, decidir, avaliar.
Aqui e agora, de modo singelo, a Prova Quádrupla oferece regras comportamentais para o relacionamento entre os seres humanos.
A Prova Quádrupla, reconhecendo nossa autonomia, parte de três diferentes tipos de liberdades: liberdade de pensar, liberdade de falar e liberdade de fazer. São três diferentes modos de ser livre: pensar, falar e fazer o que se quer.
A Prova Quádrupla disciplina e regula essas três liberdades, na busca da dignidade, da harmonia e da paz entre homens e nações.
A liberdade de pensamento é a mais simples, a mais legítima das liberdades, a mais independente e autônoma. Pode-se aprisionar o homem, mas nunca seus pensamentos ou suas idéias. A liberdade de pensamento é uma questão filosófica. Eu diria que a liberdade de pensamento é a liberdade da vontade.
Ser livre é pensar o que se quer, mas não é falar, nem tampouco fazer o que se quer. O comportamento humano é condicionado pelo trilema: QUERO? POSSO? DEVO? A paz interior é a resposta afirmativa a essas três questões: o que eu quero deve ser o que eu posso e o que eu devo. Porém, tal nem sempre é realidade, pois, muitas vezes eu quero, mas não posso, ou se eu posso, não devo. Outras vezes eu posso querer uma coisa e ser obrigado a fazer outra, que não quero.
A liberdade de fazer é a mais comum. Eu sou livre para agir quando posso e quando devo, ou seja, quando nada me impede ou bloqueia. A liberdade de ação é o contrário da repressão, da opressão, da escravidão, no sentido político do termo. Cabe ao Estado, através da lei, o poder de garantir e também de restringir as liberdades individuais. O princípio da vida em coletividade, para a harmonia da convivência social é: “A liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro”.
Até nas crianças, na sua espontaneidade primordial, sem limites nem condicionantes, o “quero porque quero”, a liberdade da vontade, é relativa. Ela depende das características hereditárias, ambientais, culturais, de DNA, das condições de saúde, sociais, econômicas, circunstâncias essas que não lhes foram dadas escolher. Mas são reais.
A afirmação de Ortega y Gasset: “Eu sou eu e minhas circunstâncias” ou “Eu sou o que sou” significa que restamos prisioneiros do que somos, já que nosso pensamento não é nem mais nem menos livre do que a vontade. Quero mas não posso, ou posso mas não devo, são fatores limitantes da vontade, constituem a nossa ética comportamental.
Senão, vejamos:
Do que pensamos, dizemos e fazemos:
- É a verdade?
- É justo para todos os interessados?
- Criará boa vontade e melhores amizades?
- Será benéfico para todos os interessados?
Estes quatro quesitos da Prova Quádrupla Rotária nos capacitam a refletir, decidir, julgar e avaliar. São o que podemos chamar de razão ou bom senso. É onde se encontra a verdadeira liberdade.
Quando submetido à razão, meu pensamento não obedece nem mesmo à mim, nem à minha vontade, nem ao meu inconsciente, nem à ninguém, ou a quem quer que seja. Ele se submete à ele mesmo ou à sua própria necessidade.
Fruto do livre arbítrio, a razão é livre e arbitrária. Ela escapa à prisão de nosso ego vaidoso e egoísta. Nossos pensamentos, guiados pela razão, conduzem à vontade, para que nossas falas e nossas ações se pautem pela ética, pela dignidade, pelos valores morais. Sem a razão, a vontade, as falas e as ações não seriam senão reflexos do ego.
E cada um é livre, na medida em que compreende que não se é livre jamais, posto que a única liberdade que vale é a liberdade da razão.
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